19 de dezembro de 2011

ANTIGA DOCA DA CP

Esta doca serviu durante muitas décadas para efectuar a manutenção técnica dos navios de passageiros da frota da CP que asseguraram as ligações entre Lisboa e o Barreiro
Aparentemente tratava-se apenas de uma doca onde eram sujeitos a "grandes fabricos" os antigos navios de passageiros da CP.
Atravessando a Rua Miguel Pais, existia um transportador que ligava a doca às oficinas, da CP.
Como era prática nesse tempo, os navios de passageiros recebiam idêntico tratamento ao das locomotivas (diesel) da CP, ou sejam, depois de um determinado período de serviço, eram sujeitos a uma reparação profunda que leva a que os mesmos fossem quase completamente decapados. Mesmo o casco durante esses tempos nunca levou uma soldadura, respeitando-se o processo original de construção do casco (rebites).
Não se encerra esta referência ao apoio à frota sem evocar uma profissão muito peculiar que ali se exercia a dos chamados «pica-picas», cuja tarefa consistia em efectuar a decapagem (por martelagem) dos cascos dos navios durante os períodos de docagem. Como para o fazer era indispensável penetrar nos exíguos espaços disponíveis entre cada casco e o respectivo cavername, só o poderiam fazer indivíduos de pequena estatura. Eram por isso normalmente adolescentes à volta dos catorze-quinze anos, cuja contratação se fazia unicamente quando houvesse algum navio na doca .
De todas as sinergias entre locomotivas diesel e navios, foram mantidos em funcionamento toda uma frota ainda anterior ao navio Évora, até aos últimos "Tunes" e "Pinhal Novo", os quais eram clientes assíduos dos serviços do estaleiro da CP, hoje infelizmente votado ao abandono.
















TEXTO DE: Fernando Martins
FOTOS DE: Fernando Martins e Carlos Borralho

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