17 de outubro de 2011

O PRIMEIRO TROÇO DA LINHA DO SUL


O primeiro documento oficial sobre um caminho de ferro ao Sul do Rio Tejo foi uma consulta do Conselho de Obras Públicas, publicada no dia 19 de Abril de 1854, sobre uma proposta dos Pares do Reino Marquês de Ficalho e José Maria Eugénio de Almeida, como representantes de uma companhia, para instalar um caminho de ferro entre as localidades de Aldeia Galega (actual Montijo) e vendas Novas. A escolha deste trajecto recaiu no facto do terreno na região em causa oferecer várias dificuldades, o que impedia uma eficaz comunicação terrestre, especialmente os serviços de Mala-Posta, compostos por veículos a tracção animal; em Aldeia Galega seria criado um serviço de transporte fluvial, para a ligação a Lisboa. Uma outra motivação para a construção de uma ligação ferroviária entre o Alentejo e Lisboa foi a necessidade de estabelecer rotas comerciais, para abastecer a capital e combater o isolamento das áreas produtivas; no caso da Linha do Alentejo, este ciclo de transportes foi denominado “Rota do Trigo”.

O contrato para a construção e exploração foi assinado entre o governo e a recém-criada Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo em 24 de Julho, tendo o ponto inicial sido alterado para o Barreiro, e prevista a extensão das linhas até Évora, Beja e Setúbal; o Parlamento votou, no mesmo dia, a confirmação do contrato, tendo sido aprovado oficialmente numa carta de lei de 7 de Agosto. O principal motivo para a localização da estação inicial ter sido alterada foi o facto do Barreiro, ao contrário do Montijo, oferecer um porto natural, o Vale do Zebro, deixando, assim, de ser necessário construir infra-estruturas de protecção às embarcações, o que seria bastante dispendioso; por outro lado, a partir do Barreiro podia-se, futuramente, fazer uma ligação ferroviária até Cacilhas O concurso foi aberto no dia 26 de Agosto, tendo as obras sido atribuídas à Companhia, representada por Tomás da Costa Ramos; o trespasse da concessão da construção deste troço ferroviário para a Companhia foi efectuado em 6 de Dezembro de 1854, estipulando este contrato que o estado português pagaria à companhia 7$880 por quilómetro construído, além do fornecimento gratuito de madeiras, isenção de todos os impostos, incluindo os sobre as máquinas, materiais importados e exploração.

O primeiro troço do Caminho de Ferro do Sul, entre o Barreiro e Bombel, foi inaugurado em 15 de Junho de 1857, com uma bitola de 1,44 metros. Inicialmente, o embarcadouro encontrava-se afastado da estação do Barreiro, o que gerava vários desconfortos para os utentes; mais tarde, seria construída uma nova estação, mais próxima do cais. Além disso, geraram-se alguns conflitos entre o estado e a Companhia, devido à isenção de impostos e o facto desta transportar a mala-posta em composições normais, em vez de expresso, como seria previsto.

O progresso material e a elevação do nível de vida das classes trabalhadoras são um factor de avanço de todos os restantes sectores da vida económica e social da comunidade.

No que mais particularmente a estes concerne, são assinaláveis a constituição, em 1894, da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste, e, em 1896, a criação do Armazém de Consumo, no âmbito da Caixa de Socorros Mútuos Caminho Ferro, também a primeira do género a ser criada.

No rodar do século, é assinalável o prolongamento da rede até Vila Real de Stº. António, em 1906. Mas os factos mais relevantes têm a ver com a organização da classe ferroviária, enquadrada na Associação dos Metalúrgicos.

TEXTO RETIRADO DA WIKIPÈDIA: 
150 Anos de História :: CP :: (Versão Portuguesa)
www.cp.pt/cp

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